Pinta-lábios, um adeus e rock’n’roll

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Se dúvidas houvessem que este seria um dos momentos altos de Guimarães, as mesmas foram dissipadas logo nas primeiras horas da segunda edição do Vai-m’à Banda. O dia 25 de Agosto de 2018 ficará registado como um dos melhores dias para “sentir o pulso a Guimarães”.

O sol já ía alto e as tascas preparavam todo o seu stock para um dia agitado e bem fora do normal. A organização do festival fazia repetir a mesma receita do ano anterior ao colocar palcos à porta de três tascas típicas de Guimarães, a começar pelo Expresso, bem no centro da cidade.

O TEMPO QUE PAROU NO EXPRESSO
Enquanto Mathilda distribuía sonhos e sorrisos, a Revolve distribuía discretamente pulseiras para o desafio seguinte. Depois da Tasca Expresso seguiria o gigante carrossel vimaranense que muitos vimaranenses esquecem com facilidade e que parte da baixa da cidade até ao seu pico. O Teleférico da Penha foi o meio mais procurado para a deslocação das mais de 400 pessoas que empunharam as pulseiras amarelas do Vai-m’à Banda. Assim que Mathilda terminava a actuação com o seu companheiro de viagem Gobi Bear, davam-se os últimos goles das malgas e começava a primeira grande romaria do rock.

A viagem não demorou muito, com a troca de ideias e memórias entre as curtas lotações nas cabines com uns “há quanto tempo não andava de teleférico”. Havia também novatos a quem se pregava um susto ou outro, no entanto tanto as viagens de ida e de regresso foram debaixo de um sol abrasador.

UMA ADEGA VIRADA PARA O MUNDO
A dar as boas vindas estava já Tó Trips e João Doce à volta dos tremoços e das malgas. As mesas já estavam postas e os músicos davam as últimas goladas para subir ao pequeno palco. Não tardou muito até haver um cordão indicativo de que o espaço estava lotado. E estava mesmo. Nem o topo dos penedos escaparam às folhas estendidas com rissóis, bolinhos de bacalhau, bolas de carne e sardinha e as jarras de barro.

Tó Trips e João Doce nem tiveram que se esforçar para captar fãs, porque tudo que estes faziam o público acompanhava. E com ritmo. Palmas e um concerto no fresquinho da Penha para guardar na gaveta das coisas boas da vida. Principalmente com os sorrisos já escuros do vinho verde tinto que teimava em chegar às mesas.

UM LENDÁRIO TROVADOR E UMA DESPEDIDA
Com tão grande ambiente no topo ficava difícil descer à cidade para ir habitar o último palco. Mas os “festivaleiros” foram chegando às pingas ao largo mais baixo de todo o Centro Histórico. Às 20:00 a afluência era pouca e que muitos justificavam com os jogos da bola. Ainda assim Suave Geração entregavam a sobremesa (ou as entradas) enquanto a Taberna do Trovador e o Tio Júlio davam conta do jantar. Estes não tinham mãos a medir para a noite que chegava à velocidade da luz.

Saiam as últimas cervejas quando os vimaranenses Toulouse perguntavam como estava o jogo do Vitória. A resposta saía do meio do público com um entusiástico “2-2”. Depois o concerto foi a passo rápido e com um sabor amargo. Havia músicas novas e um antecipado anúncio de uma paragem por tempo indeterminado dos “miúdos” que vinham colhendo agradáveis frutos ao longo dos últimos anos, quer do público quer da critica especialista. O fim do concerto culminou com o fim do jogo onde se celebrava a vitória, camuflando o amargo da despedida.

The Legendary Tigerman subiu ao palco com a banda toda, mas foi a sua guitarra a captar todas as atenções. O unânime respeito do público chegava três músicas depois do início do seu concerto após uma resposta a “toca Xutos”. Paulo Furtado não tardou em retribuir a cortesia com um “tem sempre que haver otários em todo o lado, certo?” Uns passos à frente e o aconchego do público com o puro rock de Tigerman que deixou fluir Femina, um dos álbuns com mais sucesso do universo português alternativo.

UM ATÉ JÁ!
Fazia-se a festa entre adeptos do rock e do desporto e as cervejas voltavam a fluir das tascas à volta do palco. Tigerman agradecia a presença do público com riffs intermináveis e prazerosas vénias. Para fechar a noite havia o som refrescante Dj Fitz que dava o adeus às 2:00 em ponto. Todos estavam cansados do excelente dia passado e a Revolve anunciava o regresso, no próximo ano, do Vai-m’à Banda e um até já ao Mucho Flow, em Outubro.

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