Mucho Flow 2018: Um casamento perfeito com a música

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Foi uma opinião unânime do público: esta era a melhor edição do Mucho Flow. O Festival que regressou ao Centro para os Assuntos da Arte e da Arquitectura volta a celebrar a nova música nacional e internacional, numa maratona de mais de 12 horas de música.

Ficam eternizados vários momentos que marcaram o 6º aniversário de um dos mais destacados “filhos” da promotora vimaranense Revolve. FIRE!, Gaika, Black Midi e Mourn foram os grandes destaques da última grande representação da música nova em Portugal, que contou com o apoio (inesperado até) da Super Bock.

A escassas horas de começar o Mucho Flow 2018 já se fazia prever uma pequena enchente. Bastava ver pela quantidade de transeuntes que exploravam um outro festival que decorria na mesma altura. A simbiose perfeita entre os dois festivais fez com que o palco exterior do CAAA fosse apadrinhado pelo Guimarães noc noc. E assim começava a cerimónia

À PORTA DA CATEDRAL
Habituado a receber cerimónias musicais, o CAAA ainda estava em fase de pequenos arranjos de última hora quando se começava a ouvir os primeiros riffs. Eram as Rainhas do Baile que se encarreiravam de transportar a voz monótona de Vaiapraia para o altar. Por algum público ele merecia, mas outro estava atento à curiosidade e à surpresa que se estendeu demasiado em palco.

A repercussão foi ter menos tempo para ouvir uma das surpresas da tarde: Huggs. Os miúdos portugueses estão ainda a conhecer-se, mas havia algo ali que poderia indicar um final muito feliz por parte da banda lisboeta. Infelizmente o tempo foi escasso, mas de valer a pena.


O NERVOSO MIUDINHO DE ENTRAR NAS NAVES CERIMONIAIS
A abertura de portas decorreu na normalidade. Enquanto o palco exterior era ocupado e cada vez mais pessoas chegavam, era inerente a romaria ao primeiro palco. À espera encontravam-se já os Ditz com um trabalho despretensioso e pronto a revelar um pouco do novo punk britânico.

Na mudança de turno, chegava a vez da voz límpida e doce, ainda que transformada, de Hillary Woods. A irlandesa abria o palco Super Bock como se de uma grande cerimónia se tratasse. As primeiras músicas indiciavam uma prometida reviravolta no alinhamento, mas ninguém se sentiu mal por isso.

E se naquele momento relaxado o público apontava para o verdadeiro copo de água, cedo se fizeram esperar pois chegavam os primeiros acordes dos suecos FIRE!; o jantar ficava para depois. FIRE! foram descritos como a melhor banda da maratona Mucho Flow, que puxou por todas as vertentes do rock, assim como pelos seus ingredientes com saxofone, teclado electrónico, baixo electrizante, bateria incansável e uma guitarra a rasgar toda a figura paternal de um rock nunca ultrapassado.


O ENTRA E SAI E O INTERMÉDIO
A fome apertava e apesar do casamento seguir pela rota normal, FIRE! tinham dado o toque final. Toque esse que puxava o público para o jantar. Lá fora estavam as deliciosas cozinhas do Dan’s e do Morabeza (outra grande aposta da organização).

Sky H1 acompanhavam a fome com uma música ambiente (e acertada) para o momento. Sons electrónicos que o público gostou de ouvir do lado de fora, deixando os mais aficionados perto do palco onde se encontrava a belga mestre da electrónica.

Contudo a noite reservava a grande surpresa desta edição. Black Midi não tinham grande rótulo neste programa, mas não foi preciso muito para estes jovens se apropriarem de todo o espaço e verem uma sala sem mais um único espaço vazio. Mas sim, a repercussão deste concerto fez-se sentir no resto da noite.


O CORTA SABORES
Se a azafama já era alta, Gaika veio colocar um corta-sabores na noite. Isto porque o hip-hop ainda não tinha sido ouvido até então, onde a edição do ano passado viveu muito deste género musical, este ano só haveria Gaika e Nídia no menu. No entanto Gaika foi de encontro com um certo ditado “primeiro estranha-se, depois entranha-se”. E foi assim mesmo. Na segunda música já se viam mãos no ar e uns corpos a abanar.

Os regressos são sempre de difícil análise. Que o digam as Mourn que retiraram a sua “shame” da cartola e deram à sola pela noite dentro. Noite que estranhamente não registava atrasos na agenda e facilitava as escolhas do público que já sentia as boas horas de vai-e-vem nas pernas.

LE GRANDE FINALE
Toda a festa tem os seus hinos. Nídia com o seu kuduro electrónico abriu a pista de dança que levou uma boa parte do cansaço embora. Mas o mais positivo ficaria para Dj Lynce que teve o seu merecido destaque numa das noites da Revolve.

A Revolve fecha o ano com chave de ouro com um grande Mucho Flow, dizem os velhos do Toural, talvez o melhor de todos.

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